Este blog é um projeto desenvolvido pelos alunos do Ensino Médio da EE HONORINA RIOS DE CARVALHO MELLO da cidade de Alumínio-SP, mediado pelo professor de Filosofia, Cleber Xavier, apoio e suporte da professora Angélica, bibliotecária, e auxílio dos professores da disciplina de Língua Portuguesa.
Ele consiste na leitura, discussão, debate e escrita de temas trabalhados em cada mês. A partir de um tema proposto são selecionadas algumas obras que auxiliem na reflexão de tal. Após as leituras nos reunimos para discutir as obras e posteriormente cada aluno escreverá uma dissertação sobre o tema.
Acreditamos que muitos alunos têm grandes talentos no desenvolvimento crítico textual, no discurso oral e no debate, porém é preciso que estes dons sejam motivados e trabalhados. Este é o papel deste projeto, despertar competências e habilidades que favorecem o desenvolvimento de um cidadão crítico, que mutias vezes permanecem veladas em razão de dificuldades pedagógicas que não oportunizam estes talentos.
O primeiro tema que estamos trabalhando é a MORTE. Um tema plenamente filosófico. O objetivo deste tema não é criar um sentimento de depressão, angústia ou medo, mas sim, por meio da morte fortalecer nossa vida: “Quem ensinasse os homens a morrer, os ensinaria a viver.” (Montaigne).
Nos reunimos no dia 31 de maio de 2011 com o grupo de discussão dos 2º e 3º anos, e no dia 06 de junho de 2011 com os 1º anos. Debatemos sobre as obras lidas e discutimos os vários pontos de vista sobre a morte.
Aluna Mabel do 2º C explicando a visão de Sócrates sobre a morte
Todos participaram e deram suas opiniões
A cada exposição sobre o tema "Morte" uma leitura diferenciada e reflexiva
Muitas reflexões e a máxima atenção
O aprofundamento do tema com base nos diversos autores trabalhados, nos levavam a refletir nos diversos pontos de vista.
A cada explicação uma nova ideia
O aluno Bruno do 3º B lê um texto de Paulo Coelho sobre o tema trabalhado:
Creio que minha coluna é lida em aproximadamente três minutos.
Pois bem: segundo as estatísticas, neste espaço de tempo irão morrer 300 pessoas, e outras 620 nascerão. Talvez eu demore meia hora para escrevê-la: estou concentrado no meu computador, com livros ao meu lado, ideias na cabeça, carros passando lá fora. Tudo parece absolutamente normal à minha volta; entretanto, durante esses 30 minutos, 3.000 pessoas morreram, e 6.200 acabam de ver, pela primeira vez, a luz do mundo.
Onde estarão essas milhares de famílias que apenas começaram a chorar a perda de alguém, ou rir com a chegada de um filho, neto, irmão? Paro e reflito um pouco: talvez muitas destas mortes estejam chegando ao final de uma longa e dolorosa enfermidade, e certas pessoas estão aliviadas com o Anjo que veio buscá-las. Além do mais, com toda certeza, centenas dessas crianças que acabam de nascer serão abandonadas no próximo minuto e passarão para a estatística de morte antes que eu termine este texto. Que coisa. Uma simples estatística, que olhei por acaso - e de repente estou sentindo estas perdas e estes encontros, estes sorrisos e estas lágrimas.
Quantos estão deixando esta vida sozinhos, em seus quartos, sem que ninguém se dê conta do que está acontecendo? Quantos nascerão escondidos, e serão abandonados na porta de asilos ou conventos? Reflito: já fui parte da estatística de nascimentos, e um dia serei incluído no número de mortos. Que bom: eu tenho plena consciência de que vou morrer. Desde que fiz o caminho de Santiago, entendi que - embora a vida continue, e sejamos todos eternos - esta existência vai acabar um dia. Mesmo que acreditemos em outras vidas, o que nos foi dado para viver é esse momento de agora.
As pessoas pensam muito pouco na morte. Passam suas vidas preocupadas com verdadeiros absurdos, adiam coisas, deixam de lado momentos importantes. Não arriscam, porque acham que é perigoso. Reclamam muito, mas se acovardam na hora de tomar providências. Querem que tudo mude, mas elas mesmas se recusam a mudar. Se pensassem um pouco mais na morte, não deixariam jamais de dar o telefonema que está faltando. Seriam um pouco mais loucas. Não iam ter medo do fim desta encarnação - porque não se pode temer algo que vai acontecer de qualquer jeito.
Os índios dizem: "Hoje é um dia tão bom quanto qualquer outro para deixar este mundo". E um bruxo comentou certa vez: "Que a morte esteja sempre sentada ao seu lado. Assim, quando você precisar fazer coisas importantes, ela lhe dará a força e a coragem necessárias." Espero que você, leitor, tenha chegado até aqui e esteja consciente não apenas das estatísticas, mas de sua missão nesta Terra. Sim, todos nós cedo ou tarde vamos morrer. Mas aceitar isso é a melhor maneira de estar preparado para a vida.
GRUPO - 2º e 3º ANO
GRUPO - 1º ANO
A partir do dia 15/06 publicaremos os textos criados pelos alunos a partir das leituras, reflexões e das discussões.
Trabalhamos com as seguintes bibliografias:
1) OBSERVATEUR, Le Nouvel. Café Philo. Pág. 126-129.
2) BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Pág. 65, 148, 173, 194.
3) REALE, Giovanni. História da Filosofia. Vol 6. Pág. 201-214
4) ANDRADE, Carlos D. de. Elenco de cronistas modernos. Pág.241.
5) ATHAYDE, Félix de. Idéias fixas de João Cabral de M. Neto. Pág. 60
6) PIROLI, Wander. A mãe e o filho da mãe. Pág. 95, 103
7) ANTONIO, João. Casa de Loucos. Pág 124- “Esperada: os reis encomendavam suas ricas mortalhas”; Pág. 130- “Infalível: ninguém escapa, um dia todo mundo vai morrer”.
8) NICOLA, Nicola. Antologia ilustrada ou filosofia das origens à Idade Moderna. Pág. 203- “O direito a eutanásia – Thomas Morus”; pág. 60- “O filósofo deseja morrer – Sócrates”.
9) LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Pág. 125- “Morte de uma baleia”.
10) GULLAR, Ferreira. Poesia completa e prosa. Pág. 374- “Fim”; pág. 385- “Nova concepção da morte”.
11) NETO, João Cabral de M. Morte e vida Severina.
12) MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Pág. 374- “A manhã do morto”; pág. 440- “Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto”.
13) ARANHA, Maria Lúcia de A. Filosofando – introdução à filosofia. Pág. 331- “A morte”.
14) MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor. Pág. 162- “Sobre os degraus da morte”; pág 214- “Carta Mortuária a Dolores Duran”; pág. 29- “Mistério a bordo”.